Aroma da morte

quinta-feira, 4 de novembro de 2010.
A1
            Em uma pequena cidade, vivia uma família feliz, constituída por um casal que vivia em perfeita harmonia, suas duas lindas meninas, e a mãe dela. Alberto era um médico respeitado na cidade, mesmo apesar de ser muito jovem. Helena, a esposa, era empresária, tinha uma pequena loja de móveis e eletrodomésticos, e com todas as inovações de hoje em dia só ia à loja duas vezes na semana, Isabel a garota mais velha tinha oito anos e Anita tinha cinco. Dona Isaura tinha sessenta anos, mas irritava demais o genro, ela sempre buscava algo pra colocar defeito, nada nunca estava bom.
            A pedido de sua mãe, Helena foi conversar com um tarólogo, pra que caísse em si, e visse que não devia permanecer casada com aquele médico sem ambição.
Chegando lá o vidente foi logo falando.
            -Por que alguém com uma vida tão feliz e estável viria até aqui?-Disse apenas ao a olhar.
            -Insistência da minha mãe, ela acha que devo arrumar um marido melhor. –Disse ao perceber que sua mãe havia saído.
            -Então vamos fazer o básico, dê-me sua mão- Disse levando-a para si- Hum. Nem tudo que cheira bem é perfume.  E avise a seu marido, que tome cuidado com o que coloca dentro de si.
            -Só isso que tem pra mim?-Perguntou indignada pelas previsões vagas que ele deu, e ainda mais porque teria que pagar por essas baboseiras.
            -Por hoje só. São exatamente 30 reais.
            -Aqui – Disse entregando a quantia pedida
            -Volte sempre- Disse o homem.
            Ela não respondeu, mas pensou, “Esse homem jamais me verá novamente nem em meu sepulcro”. Mas não sabia ela o peso das palavras que pensou.

           
           
2

Alberto estava saindo do consultório e encontrou um velhinho vendendo algumas plantas, e como sabia que Helena sempre gostara de plantar coisas novas no jardim ele foi até o vendedor, que era um velhinho de olhos sagazes e astutos.
            - O que o senhor tem aí?- disse aproximando-se dele.
            -Hum, deixe-me ver tenho cravos, rosas, violeta, e lírios – falou apontando cada um deles.
            -Eu queria algo diferente, incomum, porque minha esposa gosta muito de plantas e ela já tem todas essas – Disse ele ao homem.
            -Deixe-me ver eu tenho algo que não se encontra com facilidade e exige certos cuidados, quer ver?-Perguntou com um olhar inquisidor.
            -Sim, ela é muito cuidadosa com plantas, alguns cuidados especiais vão fazê-la gostar ainda mais do presente.
            -Então aqui está – Mostrou um pequeno vaso com uma plantinha de flores verde-mar.
            -Mas são encantadoras- Estupefato, o homem disse.
            -Veja bem, existem alguns cuidados, jamais deixem que os frutos amadureçam. O que ocorre muito depressa, eles passam um mês como flor, mas depois que elas murcham e o fruto começa a se desenvolver é questão de um dia para o amadurecimento e a liberação de sementes ao vento, então o mais importante de tudo nunca, preste bem atenção, nunca mesmo tire-a do vaso para plantar no chão, nunca.
            -Certo, quanto custa?
            -Só três reais.
            -Só isso, por essa planta de beleza tão rara.
            -Só, mas você tem plena certeza do que está fazendo e mesmo assim quer levá-la?
            -Sim, quero.
            -Então tudo bem a escolha é sua- disse o homem ao entregar o vaso.
            -É pesado, pensei que fosse mais leve.
            - Ficará mais pesado ainda, você verá- Disse ele como se tivesse tirado um enorme peso das costas.
            Alberto deu o dinheiro e se despediu do senhor, saiu caminhando, ao olhar pra trás percebeu que ele já estava se retirando com suas coisas, “provavelmente para vender em outro lugar”, pensou Alberto.
3
Quando Alberto chegou em casa aquela tarde, com o vaso de flores exóticas, a primeira pessoa que encontrou foi Isaura sua sOGRA , e como sempre, começou a reclamar.
            -Por isso, que vocês não avançam, porque você é um preguiçoso, ao invés de está no trabalho ganhando dinheiro, sai mais cedo- disse ela com um tom elevado de voz.
            -Boa tarde, hoje nem mesmo a senhora poderá estragar meu dia.
            -Veremos. -Disse com um ar de desdém.
Aquela velha o irritava se ele chegava tarde em casa, era um irresponsável, que não tinha compromisso com a família, que o falecido viúvo dela, sempre chegava no horário correto, era um homem compromissado. Em contra partida se ele chegasse cedo, ela dizia que ele era um homem sem ambição, que nunca progrediria na vida. E coisas do tipo, mas apesar de toda a falação, ele tinha que aturá-la, pois Helena não queria deixar a mãe longe.
            -Hey, Helena você está lindíssima hoje - disse aproximando-se por trás dela enquanto ela revolvia a terra das roseiras que ficavam plantadas nos canteiros do jardim- Tenho uma surpresa, pra você.
            - Ahh, me mostra, sabe que sou curiosa- disse tentando ver o que havia nas mãos dele que estavam para trás.
            -Aqui- disse entregando-lhe o vaso com a planta de flores verde-mar.
            - Nunca ouvi falar de uma planta com flores de tal cor- disse maravilhada.
            -É nem eu, comprei a um senhor que estava vendendo plantas, na frente do escritório, ele disse que tem que tomar alguns cuidados.
            -Quais?-Perguntou Helena.
            -Ele disse que não devia deixar que as flores virassem frutos, o que acontece com uma extrema rapidez, depois de murchas levam por volta de vinte e quatro horas pra que estejam maduros, e jamais deve plantá-la no chão - disse ele sem esquecer-se de nenhuma recomendação.        
            -Me lembrarei de tudo isso, pois não quero ver uma planta de tão rara beleza morrer, aliás, quanto pagaste por ela?
            - Só três reais. Achei estranho ele cobrar tão pouco por uma planta tão difícil de encontrar.
            -Estranho mesmo, mas o que importa é que amei o presente e vou cuidar dele com todo o cuidado que for possível.
            -Venha vamos pra dentro- disse entrando em sua casa

4

Passou um mês desde que Helena ganhou a planta, e um dia ela percebeu que a planta que ela cuidava com tanto zelo, seguindo a risca o que o vendedor a disse, estava gerando pequenos brotos. Então ela pensou “O homem disse que não se devia plantar nunca a planta no chão, mas não disse nada a respeito dos brotos, vou fazer um teste, vou plantá-los no canteiro, se morrerem não perderei nada, ainda permanecerei com a planta adulta”, e assim ela fez, os plantou em um canteiro que estava vazio.

5

Todos que chegavam a casa deles agora se sentiam encantados, pois os brotos de flores verdes-mar cresceram tanto, que cobriram a casa deixando apenas as portas, janelas e uma parte onde havia uma pequena chaminé de uma churrasqueira interna sem vegetação. Era lindo, algo completamente perfeito, e o mais incrível é que nunca foi podada, ela naturalmente se ajustou aos contornos da casa. Sem contar o doce e mareado perfume que a planta exalava, principalmente à noite, mas tudo estava perfeito demais pra ser verdade.
Certa noite Alberto, desceu a noite pra beber um copo d’água, e voltou à cama, e quando o dia amanheceu ele não estava mais entre os que respiravam. Alberto falecera de uma parada cardíaca no meio da noite, a autópsia não conseguiu decifrar o que causou a morte, na certa alguma substância ainda desconhecida. Essa perda abalou a todos, principalmente Helena e as filhas e até mesmo dona Isaura ficou abalada, pois por mais ofensivo que fosse o que ela dizia a ele, ela sentia certo apreço por ele.
15 dias após a morte, Helena estava dormindo junto com as filhas, Anita e Isabel e ouviu um rangido na janela, ela se aproximou para observar o que tinha ocorrido, quando se aproximou da janela viu que a bela planta que a todos encantava estava invadindo violentamente a casa então foi olhar os outros cômodos e não era só a janela de seu quarto, mas sim todas as janelas e portas da casa. Helena acordou as meninas às pressas para tentar fugir, passou pelo quarto de sua mãe que já estava histérica, as quatro observaram todas as possíveis saídas que puderam imaginar, mas todas elas já estavam sendo tomadas por aquela maldita erva de traiçoeira beleza, então só puderam correr para o cômodo central da casa que era a cozinha, quando chegaram lá o cheiro começou a se intensificar e ficou cada vez mais inebriante, Isaura começou a ficar sonolenta.
-Mãe não durma, não durma... -disse Helena, repetidas vezes tentando manter a mãe acordada.
- Minha filha, saiba que te... - disse dona Isaura antes de dar seu ultimo suspiro.
—Não!—Helena gritou, começando a chorar
E então Isabel a mais velha começou a tossir, ela tinha asma e esse cheiro estava afetando sua respiração, e tão rápido como começou a tosse, cessou,deixando inerte o pobre corpo da garota.
Helena só tinha agora sua pequena filha Anita, ela não podia perdê-la também. E como se respondendo a sua pergunta ela ouviu em seus pensamentos “Tão tolo homem foi seu marido, agora está morto, não tomou cuidado com o que tomava. Sua mãe tão cheia de si também se foi, sua filha mais velha não deu nem trabalho, agora só resta você e a pequenina, e essa última faço questão de matar de forma dolorosa, porque você tão tola, me fez crescer forte e bela, e olhe que ironia agora eu acabarei com você, ou melhor, acabarei com tudo aquilo que você ama antes.”
Helena não podia acreditar, a planta, aquela tão bela, que ganhou do marido estava trucidando com a vida dos que ela amava, então ela se lembrou repentinamente que havia uma churrasqueira com uma chaminé baixa que dava pra fora da casa, por onde ela não conseguiria passar, mas Anita sim. Mas teria de haver uma distração para que houvesse tempo para que ela pudesse fugir. Então ela teve a ideia de atear fogo na casa, eles guardavam um litro de gasolina no armário para o caso de alguma necessidade e os fósforos estavam ao alcance de sua mão.
Ela não pensou duas vezes pegou-a no colo e correu em direção à chaminé, apanhando os fósforos no caminho, ela teria de ser rápida não havia tempo, ela enfiou Anita para dentro da chaminé e lhe disse:
-Quando eu mandar corra para fora e não olhe para trás.
Ela correu pegou a gasolina sentiu o cheiro ficar cada vez mais forte, ela já estava a perder os sentidos, mas lembrou-se de sua filha não podia deixá-la morrer, então ela pegou a gasolina e começou a despejá-la por toda a cozinha e sala, e ainda abriu o botijão de gás, até que os ramos da planta a alcançaram e se enroscaram nela impedindo-a de se mover.
-Anita corra- gritou ela.
Obediente a menina saiu da chaminé e desceu pela escada, que ficava lá, para quando iam limpá-la, ela correu o máximo que pode e quando ela tinha andado apenas o suficiente para sair do muro da casa houve uma explosão, e depois não restava mais vestígio algum da casa, da maligna planta e ainda menos de sua mãe.   
                                             

3 comentários:

João Marcos disse...

tantas visualizações e ninguém comentou?

Pamella Soares disse...

Oeooee comentando adora!! _o/

Esse conto foi o primeiro que você me mostrou Joãão.. *--*
Ai, ai, ai... me lembro como se fosse ontem...

Unknown disse...

q planta fdp HAUSHAUS brincadeiras a parte gostei do conto, fiquei cm dó da anita ter ficado orfã até da velha fiquei rs :* zee

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